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sábado, 13 de abril de 2013

Velho

Velho maldito, que põe seu violão o mundo a balançar
Faz, vez em sempre, questão de fazer tirar-se o chapéu
Leva as flores dançantes até a imensidão do ar
Faz pensar que eu, ao tocar, não toco o céu

Benditas chagas da mente velha, de cabelos brancos
De alma viva nas cordas da viola mansa
Que encantabrilha o mundo, com seu belo passo manco
Quem tem sorriso ingênuo ainda é criança

No rosto tracejado tem as lentes da sabedoria
Que a vista cansada não dispensa, não mais!
"Meu filho, as dor no peito aberto tá aqui noite e de dia"
Diz-se ter ficado assim por amar demais

Diz não saber diferenciar o prazer da dor
Porque não ouviu mais cedo o canto das gaivotas
Mas tudo lhe falta, todas as ânsias são mortas
Penso eu que seu lamento é choro, e se o for
Nada resta, nada não! Nada senão as notas

Toca as vidas
Toca os dedos
Troca os medos...
Por saídas

Henrique Fonseca, 13/04/2013

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