Se é grande a montanha, por que chegar ao cume?
Se meu sonho é longe, por que estou atrás?
Ser o ser sem sopro sem querer
Ver o corpo fraco em chorume
Tempos em que não fui tão sagaz...
Tempos atrás o desalento
Se fazia presente em minha sala
Então há tempos eu lamento
Pelo café que ele tirou sem pedir
E pelo final, quando ele fala
"Logo chega o porvir"
E enquanto isso vai em frente
Ele ficou no passado
Por ele nunca tive apreço
Às vezes me faz parecer doente
Agora está ali, quebrado
Não faço questão de comprar-lhe gesso
Como há pouco disse um amigo, "tudo volta"
Linhas tortas não são abandonadas à morte
Passar dessa para uma melhor é só para humanos
Dessa ideia um humano se solta
E, se Deus o quiser ou por sorte,
Que fiquem por tempos embaixo dos panos
Por mais que elas algum dia voltem, a esmo
Não hão de ser como antes, tão loucas
Porque eu aqui já não sou o mesmo
As águas que neste rio correm são outras.
Henrique Fonseca, 27/05/2013