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segunda-feira, 27 de maio de 2013

Do dia em que algo ruim foi embora, mas que sei que há de voltar

Tinha para mim que ser o nada já é algum ser
Se é grande a montanha, por que chegar ao cume?
Se meu sonho é longe, por que estou atrás?
Ser o ser sem sopro sem querer
Ver o corpo fraco em chorume
Tempos em que não fui tão sagaz...

Tempos atrás o desalento
Se fazia presente em minha sala
Então há tempos eu lamento
Pelo café que ele tirou sem pedir
E  pelo final, quando ele fala
"Logo chega o porvir"

E enquanto isso vai em frente
Ele ficou no passado
Por ele nunca tive apreço
Às vezes me faz parecer doente
Agora está ali, quebrado
Não faço questão de comprar-lhe gesso

Como há pouco disse um amigo, "tudo volta"
Linhas tortas não são abandonadas à morte
Passar dessa para uma melhor é só para humanos
Dessa ideia um humano se solta
E, se Deus o quiser ou por sorte,
Que fiquem por tempos embaixo dos panos

Por mais que elas algum dia voltem, a esmo
Não hão de ser como antes, tão loucas
Porque eu aqui já não sou o mesmo
As águas que neste rio correm são outras.


Henrique Fonseca, 27/05/2013




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