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terça-feira, 5 de março de 2013

Soneto do Velho Par

E já com cordas velhas ele segue
Na mão do homem triste, tão sozinho
Se por estradas tortas se atreve
Não há de ser difícil o caminho

Aquele que se vê em sua mão
É guerreiro de outras mil jornadas
E se Vossa Mercê não o vê são
"Sou velho senhor, sou notas forçadas"

De dedos mal-amados surge som
Sentados numa sombra, em cansaço
Ouço dois "fracassados" em um tom

Um homem, violão, cordas em aço
Unem-se em sublime ser, em dom
Enésima canção, um só compasso.

Henrique Fonseca, 05/03/2013

sexta-feira, 1 de março de 2013

Soneto aos grandes

Quem já aqui marcou, dev'eu admirar
Dos outros caçoou com mente singular
Ao fazer da ciência um notável guia
Procurar com decência o que não se sabia

Minha não grandiosa obra em memória
A séculos sub rosa* em vossa história
Tratados como magos em grã-heresia
Consternada com fatos, Igreja o fazia

Por fim a ascensão com a sociedade
O reconhecimento da vida de gênios
A recompensação da idoneidade

Tudo não foi em vão, já que são mui lembrados
Ideias, alimento que dura milênios
E por eles passam as multidões em brado

*sub rosa: expressão latina que significa "em segredo", "em privado". Vem do costume romano de pendurar uma rosa nas portas de salas onde aconteciam reuniões secretas.

Henrique Fonseca, 01/03/2013

Nada além do que você já viu

Venha até aqui ver a natureza
Nada além do que você já viu
Resistindo à mão do homem com destreza
À devassidão desse mundo vil

Perceber como ela funciona, independente
E de idealismos não precisa
Mais importa a espontaneidade da nascente
A despeito da ganância que o ser humano visa

Um fluxo contínuo e perfeito em seus defeitos
Magna cum laude*

*Magna cum laude: Expressão latina que literalmente significa "com grandes honras".

Henrique Fonseca, 01/03/2013