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quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Sobre a Usina de Belo Monte, Pará

Os bordões sobre Belo Monte
Um pouco antes da divulgação desse vídeo com atores globais especializados em energia, conversei com algumas colegas jornalistas sobre Belo Monte.
Elas tinham um nível de indagação similar ao exposto no vídeo. Sinal de que a campanha contra Belo Monte fixou-se em alguns pontos focais, de fácil assimilação e de fácil espraiamento pelas redes sociais. Ou seja, um marketing profissional.
Uma das questões paradoxais é o fato da usina receber - do mesmo grupo - dois tipos de críticas distintas e opostas:
A usina desrespeita totalmente o meio ambiente e os direitos dos índios.
A usina não é eficiente, por só aproveitar parte do potencial do rio.
Ora, há duas maneiras de se construir uma usina. Se se basear exclusivamente no critério de eficiência, teria que dispor de um lago enorme, alagando regiões amplas. Optou-se por um sistema energeticamente menos eficiente - o de geração de energia em cima da correnteza do rio - justamente para privilegiar questões ambientais. Ou seja, a usina não é 100% eficiente em respeito a questões ambientais.
Mas não se informa sobre esse ponto.

Não foi apenas o único preço pago em respeito ao meio ambiente. Pelo menos R$ 1 bilhão a mais foi investido para remanejamento de aldeia com poucos índios. Há um conjunto enorme de contrapartidas, assinadas em contrato e sob fiscalização das autoridades e das população locais.
A maneira como a campanha foi montada desinforma. Critica genericamente a usina, como se não houvesse nenhuma contrapartida. Não há uma crítica objetiva à qualidade ou suposta ineficiência das contrapartidas.
Depois, criam-se mitos, como o da energia eólica substituindo completamente as novas usinas hidrelétricas. Não se mostram as limitações de custo, de instalação, os problemas ambientais embutidos nela. Não se analisa a matriz energética, para avaliar a viabilidade ou não de se abrir mão das usinas amazônicas.
Longe de mim duvidar das boas intenções ambientalistas dos globais - diretamente proporcionais ao seu baixo nível de informação, inclusive para formular a crítica técnica contra Belo Monte. Mas a massificação de bordões através de personagens de largo alcance popular me soa mal. É profissional, tão profissional quanto consegue ser uma campanha publicitária bem planejada.
Pseudo-ambientalismo, isso sim, define a campanha.


Luís Nassif.


quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Protesto na USP: Raízes históricas, fatos, e consequências

As décadas de 60 e 70 no Brasil foram bastante conturbadas quando se fala em liberdade de expressão. O espírito jovem e revolucionário presente nas universidades definiu-as como redutos de resistência ao governo ditatorial. Aquele contexto justificava o repúdio a presença da Polícia Militar - aparelho estatal autoritário - nas universidades. Comtemporaneamente, essa luta já não faz mais sentido, já que a liberdade de expressão é garantida pelo Estado e acaba servindo como pano de fundo para outras idéias, sendo elas sensatas ou não.
Alguns alunos da USP querem o fim do convênio entre a mesma e a PM, fato que teve seu estopim com a prisão de três estudantes que usavam drogas ilícitas no campus. Os estudantes ocuparam a reitoria porque receavam medidas que colocassem em risco a liberdade comportamental característica das universidades, e consequentemente, seu universo utópico. A reinvindicação não é legal porque as universidades pertencem ao Estado, que proíbe as drogas em questão, então a autonomia da instituição não pode ultrapassar a lei federal, além de que, esse desejo de colocar em risco a segurança no campus para ter liberdade de expressão não é uma unanimidade entre os universitários, aliás, é um desejo de uma minoria, para ser exato, 0,06% dos alunos.


O direito reinvindicado pelos estudantes não trará benefício algum para a maioria esmagadora dos graduandos ou pós-graduandos e pode acarretar em um aumento da criminalidade causada pela ausÊncia da autoridade policial, logo não é um protesto justo e legítimo.

Henrique Martins Fonseca